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em construção. Façam comentários,
trata-se de mais um texto coletivo anônimo em processo.
Vladímir Maiakovski
Poesia e Revolução
início
Maiakovski se dizia poeta. E justamente por isto se achava interessante. E sobre isto escrevia. Filho de um guarda-florestal, nasceu em 7 de julho de 1893 e passou a infância na aldeia de Bagdádi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia.
fome
Após a morte do pai em 1906, a família ficou na miséria. Depois do enterro de seu pai, sobraram-lhes apenas 3 rublos. A família vendeu febrilmente suas mesas e cadeiras para comprar comida. Transferiram-se para Moscou.
vapor para Moscou
Continua seus estudos em Moscou, mas as coisas vão mal quanto à comida. Ele pinta e vende ovos de Páscoa, um velho costume russo de pintar ovos de galinha para oferecer como presentes. Sua mãe trabalha servindo refeições numa pensão. Maiakovski conhece estudantes pobres socialistas.
socialismo
Discursos, jornais etc. Conceitos e palavras desconhecidas. O jovem Maiakovski exige explicações a si mesmo. Lê até a embriaguez as obras clandestinas que vazavam dos quartos estudantis. O prefácio à Crítica da Economia Política de Karl Marx foi uma obra de arte que lhe causou imenso entusiasmo, a que talvez tenha lhe causado maior entusiasmo. Começa a fazer discursos com pedrinhas na boca.
revoluções
Em 1908 ingressa aos quinze anos na fração bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo. Atua como propagandista. Vai trabalhar com padeiros, sapateiros e gráficos.
Prisões na adolenscência
Maiakovski, em 29 de março de 1908, com quinze anos de idade é cercado em Gruzíni em uma tipografia clandestina. Comeu o bloco de notas com os endereços. É levado para a delegacia em Priésnienski pelos soldados da Okhra, a polícia política do regime czarista.
O jovem Maiakovski e o Departamento de Segurança do czar Alexandre III, criado em fins do século dezenove para reprimir os partidos políticos Narodnik e Partido Operário Social-Democrata Russo, contrários ao regime czarista. O jovem Maiakovski e a polícia secreta do czar usada para reprimir as massas insurgentes.
Estes digníssimos senhores foram dirigentes desta polícia em 1905. Felizmente estão todos mortos, mas deixaram um legado pavoroso de tortura e morte para a História. Maiakovski, militando aos 15 anos no Partido Operário Social-Democrata Russo (ala bolchevique) colocou-se diante de um fato: as polícias servem para reprimir a classe trabalhadora e toda forma de insubordinação. Segundo autores como Marx ou Lênin, elas devem ser dissolvidas. Em maior ou menor grau, Maiakovski terá problemas com polícias durante a vida toda.
Em 2 de julho de 1909 é apanhado novamente. Ocupou a cela individual número 103 em Butirki por onze meses, onde leu os simbolistas, Biéli, Balmont, Byron, Shakespeare, Tolstoi, etc. Maiakovski mantém contato com clássicos da literatura mundial. Escreve seus primeiros rascunhos em poesia. Conforme ele mesmo, saiu algo postiço e chorosamente revolucionário:
Espero, e os dias se perdem nos meses,
Centenas de dias sem fim.
Por determinação da Okhrana, é obrigado á ter residência forçada durante alguns anos. Durante essa prisão, seu primeiro caso é julgado e o declararam culpado, mas como não tinha idade para ser condenado, teve que ficar sob vigilância policial e responsabilidade materna.
Ao sair da prisão decide que quer fazer arte socialista, mas, segundo um companheiro de partido, tem as tripas finas. Interrompe o trabalho partidário e começa estudar. Nas escolas de arte, rejeita os imitadores e apóia os enxotados. Não tem bons antecedentes políticos.
1912
Aos dezenove, vinte anos, conhece pintores e poetas como M. F. Larionov, I. I Machkov, David Burliuk., V. Khlébnikov, A. Krutchônikh etc. Após algumas noites de lírica, Maiakovski, Burliuk, Khlébnikov e Krutchônikh, lançam em 1912 o manifesto coletivo "Bofetada no Gosto Público".Debates, discursos enfurecidos. Propõem uma renovação estética radical demais para a velha Rússia czarista. Arte moderna e Autocracia.
O rosto de um tempo dominado pela máquina, pelo movimento da máquina; a luz elétrica e o poeta; os vapores de um mundo dominado por novas técnicas. Os poetas devem ter o direito de aumentar o número de palavras criadas arbitrariamente, devem odiar toda a velharia produzida na velha Rússia czarista. Assobios e indignações. Estes poetas não quiseram deixar rastros do bom sentido, do bom gosto, quiseram a palavra autônoma.
A. M Ripellino em "Maiakovski e o Teatro de Vanguarda" (1971), destaca os elementos que deram ao empreendimento "cubo-futurista" um contínuo caráter espetacular. Ainda conforme Ripellino, no artigo "Carne também para nós!" (1914), Maiakovski escreve: "O futurismo é para nós, jovens poetas, a capa vermelha do toureiro".
Vassíli Kamiênski recorda em suas memórias (Vida com Maiakovski) a primeira apresentação pública do grupo na ponte Kuzniétzki: Burliuk veste uma sobrecasaca com listras de várias cores, um colete amarelo com botões de prata e uma cartola; Kamiênski veste seu terno parisiense cor de cacau guarnecido com brocados de ouro e uma cartola; Maiakovski desenhou com um lápis de sobrancelha um aeroplano na testa de Kamiênski e um carrorrinho com a cauda levantada no rosto de Burliuk.
Espetáculos Futuristas para o desagrado do bom gosto burguês.
"A Primeira Noite na Rússia dos Criadores da Palavra" foi realizada em Moscou a 13 outubro de 1913. Sobre um fundo de telas pintadas por Casímir Maliévitch, Vassíli Tchekríguin, David Burliuk, o poeta Krutchônikh balbuciou frases desconexas, borrifando com uma xícara de chá quente os espectadores das primeiras fileiras, Nicolai Burliuk leu uma lição de seu irmão David, intitulada "Ordenhadores de sapos extenuados" e Maiakovski pronunciou a conferência "A Luva", onde resume numa luva de seis dedos seus temas mais urgentes na época, como a inovação e criação de linguagens, apropriação dos aspectos urbanos nesta nova poesia, canções de ninar executadas por orquestras de goteiras, a faísca elétrica, os braços construtores das cidades, as rugas de gordura nas poltronas e os trapos coloridos da alma.
Na noite de 19 de outubro de 1913, na inauguração do cabaré futurístico "O Lampião cor-de-rosa" em Moscou, Maiakovski leu os versos de "Tomem Isto"!, deixando exasperado o público burguês presente. Maiakovski, supostamente incompreensível pelas massas, supostamente intraduzível, exige uma certa dose de desafio. Poeta de procedimentos arriscados se distancia radicalmente de qualquer orador empolado. Inventou uma linguagem poética complexa, áspera e revoltada. A suavidade pouco lhe importou.
Social e artisticamente revolucionário, era amigo do palavrão, das ruas e dos comícios. Produziu versos em tempestades. Escreveu artigos de jornal, poesias, escritos de poética, peças de teatro, roteiros de cinema, cartazes etc, recusando violentamente as normas estabelecidas da poética tradicional. "Não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas". Sua poesia se alitera. Hiperbólica, descomunal, assonante, dissonante; sua rima é inusitada para justamente fugir dos clichês da poesia dócil dos salões imperiais.
tumultos - 1913
Maiakovski está trabalhando em tumultos artísticos anti-burgueses. Publica o artigo "Teatro, cinema, futurismo", com ataques ao realismo da época. Apresentação da tragédia "Vladímir Maiakovski", Segundo Ripellino, no segundo capítulo de sua obra - "Fantoches em Petersburgo", o primeiro trabalho dramático de Maiakovski. Ripellino diz que o texto enviado à censura tinha na capa escrito "Tragédia": Maiakovski.
O censor trocou o título pelo nome do autor e deu permissão para que fosse encenada a "Tragédia Vladímir Maiakovski". Para evitar novos contatos com a censura e achando que este título daria conta de seus anseios, aceitou a burrice do censor como título para seu primeiro monodrama. Um monodrama de dois atos, um prólogo e um epílogo.
A "Tragédia Vladímir Maiakovski", segundo o autor seria uma grande confissão do "eu" exasperado do poeta. O poeta é o tema, o personagem principal da obra que em primeira pessoa se dirige a um mundo de miseráveis e formas estranhas.
Além de Maiakovski, personagem principal (20-25 anos), há a sua volta figuras como "uma Conhecida", de 5-6 metros de altura, um velho milenar e suas gatas pretas secas, um Homem sem uma orelha, um Homem sem a cabeça, um Homem de rosto alongado, um Homem com dois beijos, um Comum jovem, uma mulher com uma lágrima pequena, outra com uma lágrima e uma outra com uma lágrima grande.
No início há uma festa de mendigos nas ruas de uma cidade. A revolta paira no ar. Maiakovski incita a insubordinação dos oprimidos. Os miseráveis se rebelam contra os opressores e as coisas se rebelam contra os seres humanos. O velho convida a multidão à alisar suas gatas para produzir faíscas elétricas e o Comum jovem acusa a multidão de crueldade.
No segundo ato a revolta se esfumaçou em tédio. O poeta veste uma toga e traz na cabeça uma coroa de louros. As mulheres choram. Maiakovski recolhe as lágrimas numa mala e as atiram a um deus primitivo. O único verdadeiro personagem é Maiakovski, os outros são fantoches mecânicos. Os esfarrapados, as revoltas populares, dão á esta peça futurista um tom social. Maiakovski estava ligado às lutas de seu tempo, suas invenções não morreram num esteticismo vulgar e burguês, de supostas formas puras. Maiakovski apresenta de forma alucianada a miséria que cobria as cidades russas anos antes da Revolução de Outubro.
Mídias Burguesas
Maiakovski era chamado pelos jornais de "filho de cadela". Blusa amarela e gravatas gigantes: a gravata desproporcional ao estado das coisas causa furor. Os príncipes das artes pedem o fim da crítica e das agitações. Maiakovski é expulso dos quartéis-generais da arte. Este grupo era radical demais para as Escolas de Arte Burguesas.
Rússia
Para difundir suas concepções artísticas, percorrem a Rússia. Noites de poesia: realizam conferências sob a vigilância das autoridades. A polícia serve para interromper o novo. Governos de províncias em alerta.
monopólio editorial e o filho da cadela
Os editores não querem saber de Maiakovski. O nariz capitalista fareja dinamitadores. Seus poemas são proibidos.
Hoje, com uma produção poética radical, já que vivemos numa sociedade democrática, será que Maiakovski seria lido pelas massas? Será que Maiakovski iria aparecer no programa do Faustão? Será que ele ia ser entrevistado pela Marília Gabriela?
Primeira Guerra Mundial
Em 1914 conhece o horror decorativo e ruidoso da guerra. Depois a guerra lhe pareceu detestável. Maiakovski detestou a carnificina imperialista que foi a Primeira Guerra Mundial. A idéia da proximidade da revolução se fortalece.
1917
A Rússia era uma monarquia no começo de1917. Em outubro deste mesmo ano, ocorre no país, de 150 milhões de pessoas, a primeira revolução socialista. Populações conscientes e organizadas na tomada revolucionária do poder tentaram imprimir na realidade seus próprios caminhos: não quiseram entregar suas vidas para os especialistas em opressão.
Para Maiakovski a revolução socialista era inevitável. Os bolcheviques. Recusar a revolução? Maiakovski foi para o Instituto Smólni, antiga escola para as senhoritas da nobreza, que havia se transformado na morada estratégica do bolchevismo.
Segundo Leon Trotsky em "Literatura e Revolução" (1922-1923), havia em Maiakovski uma vontade sincera de ser revolucionário, antes mesmo de ser poeta. Se antes era um poeta que rejeitou o velho mundo sem abandoná-lo, depois de outubro de 1917 procurou um ponto de apoio na Revolução, que a defendeu até o fim, porém, não se confundiu com ela, não participou, segundo Trotsky, dos anos duros de preparação clandestina.
Trotsky, Lenin e outros revolucionários trabalharam arduamente na construção da revolução socialista na Rússia e no mundo desde 1905, quando se deu a primeira revolução neste país. Estavam na clandestinidade desde esse período, foram exilados, muitos foram presos ou assassinados pelo regime czarista. Atuaram na revolução de 1905, foram derrotados e em 1917 conseguiram derrubar o czar e instituir o primeiro Estado Operário.
Em 1913 Maiakovski, Burliuk., V. Khlébnikov, A. Krutchônikh estavam revolucionando a linguagem para o desagrado das belas letras burguesas, os bolcheviques estavam se preparando para a primeira revolução socialista do mundo.
Maiakovski está longe de ser um herói porque heróis não existem. A Revolução Socialista na Rússia exigiu o trabalho de milhões de pessoas e após 1917 Maiakovski também trabalhou, fez cartazes, leu seus poemas, etc.
Ainda segundo Rippelino, os futuristas e especialmente Maiakovski, então com 24 anos, que se encontrava em Petrogrado, acolheram a Revolução de Outubro de 1917 como "um furacão que varreria longe o academicismo e a velharia retórica". Esta Revolução representou para estes poetas uma libertação da pasmaceira burguesa. Entusiasmado, Maiakovski produziu inúmeras poesias, participou de disputas e difundiu manifestos.
Transfere-se para Moscou a 05 de dezembro de 1917. Moscou estava fervilhando de cafés literários abarrotados de poetas, pintores, vagabundos e aventureiros: "Estrebaria do Pégaso", "Cofrezinho Musical", "Pitoresco" etc. Maiakovski frequentou o "Café dos Poetas", refúgio dos cubo-futuristas, fundado em outubro de 1917 por Vassíli Kamiênski e pelo "futurista da vida", V. Goltchsmidt, numa estreita lavanderia do beco Nastássinsk. Este "Café", definido por Maiakovski como "cabana de cowboys", foi decorado por Tétlin, Iakulov, Lentulov e outros pintores. Maiakovski desenhou numa parede um elefante vermelho e na barriga a assinatura: Maiakovski. Junto com Kamiênski, Burliuk, davam espetáculos a cada noite. Maiakovski, brilhante e sagaz, deixa os mais moderados sem fôlego. De sua boca voam pedras.
Em março de 1918, junto com Burliuk e Kamiênski redigem o único número do "Jornal dos Futuristas". Maiakovski publica uma carta aos operários, os poemas "A nossa marcha" e "Revoliútzia". Em junho de 1918 volta a Petrogrado. O "Café dos Poetas" fechara a 14 de abril de 1918.
Nestes primeiros anos, futurismo e revolução, conforme Ripellino, parecem idênticos. Revolução estética e Revolução Social. Os poetas futuristas, ansiosos por liberdade de criação, acreditavam que este movimento era capaz de expressar as turbulências revolucionárias. Expressam em suas obras o ritmo, os temas e os objetivos da Revolução: Tátlin e o seu projeto à Terceira Internacional, a comédia "Mistério-Bufo" de Maiakovski e seu poema 150. 000.000, o drama "Stienka Rázin" de Kamiênski, os espetáculos de Meyerhold.
Maiakovski decreta em 1918 e, "Ordem ao exército da arte": "as ruas são nossos pincéis/ as praças nossas paletas".
No início de 1918 é instituido no âmbito do Comissariado do Povo para a Instrução. o IZO ou "Seção das Artes Plásticas", organismo estatal presidido pelo pintor D. Sterenberg. O IZO era dividido em dois "colégios artísticos" autônomos: o de Petrogrado (Maiakovski, Óssip Brik, N. Altman, N. Púnin) e o de Moscou (Maliévitch, Tátlin, Kandínski, Rodtchenko, O. Rózanova e outros).
Conforme Ripellino, através destas seções o regime soviético apoiava as correntes mais audazes. Esta seção, onde se agrupava parte significativa das vanguardas, teve o controle das escolas, galerias, jornais e museus. Organizou inúmeras exposições de pinturas vanguardistas, ornamentaram com telas os trens e as ruas da cidade. Painéis enormes escondiam as antigas fachadas dos velhos edifícios.
Em um "decreto" de 1918, assinado por Maiakovski, Kamiênski e Burliuk, convidam pintores e escultores para pegar latas de tinta e pintar as cidades, as estações e os vagões ferroviários. O povo russo pode admirar ao aberto grandes obras de Chagal, Ékster, Sterenberg, Altman. Vitebsk, uma cidade de província, foi transformada num fabuloso centro da pintura moderna, os bondes, as vitrines, as casas foram cobertas.
Eisentein, citado por Ripellino, diz que nas ruas principais uma tinta branca cobre os antigos tijolos desta cidade provinciana. E sobre este fundo branco espalham-se círculos verdes, quadrados laranjas, retângulos azuis: é a Vitebsk de 1920. Pelas suas paredes atuaram o pincel do pintor Casímir Maliévicht.
A arte de vanguarda sai das galerias e vai para o meio do povo: "às ruas, futuristas, tamborileiros e poetas"
Ou seja, Maiakovski não pegou em armas contra os trabalhadores pobres na Rússia, não apoiou a contra-revolução burguesa que tentou a todo custo acabar com a insurreição revolucionária.
A poesia afinada às concepções da Revolução Socialista quer a transformação radical das sociedades para que todos - cada um ou uma - possam se realizar historicamente enquanto sujeitos de suas próprias vidas. E Maiakovski pensou as comunas locais decidindo seus próprios rumos numa perspectiva internacionalista revolucionária.
Populações conscientes de suas potencialidades historicamente construídas, armadas, propondo a abolição da sociedade de classes, abolição da propriedade privada, fim do estado burguês, análise crítica das culturas reacionárias, fim da burguesia enquanto classe dominante, controle popular dos meios de produção (terras, máquinas, tecnologia, empresas etc), fim da divisão sexual do trabalho, fim da divisão social do trabalho, trabalho autônomo e coletivo, fim da usura etc.
1918
O poeta se ocupa da arte. A produção artística começa a ser pensada após a Revolução de Outubro. Fala-se em arte proletária. Elementos contra-revolucionários despontam no horizonte revolucionário.
1919
Organiza-se em Viborg, na Rússia um comfut (núcleo de comunistas-futuristas). O jornal futurista Iskustvo Comúni é editado como órgão do Comissariado do Povo para a Instrução Popular.
1920
Faz uns três mil cartazes e umas seis mil legendas.
1923
A Rússia revolucionária sofre ataques internos e externos. A guerra civil, que nas palavras de Trotsky “é a mais encarniçada de todas as guerras” dizimou grande parte da camada mais decida e experimentada do proletariado revolucionário. A produção debilitada era totalmente voltada para o front.
Após a vitória do exercito vermelho a base da aliança com os camponeses começa a se enfraquecer com os desníveis crescentes entre os preços da cidade e do campo. A NEP tenta solucionar o problema, mas desperta as tendências mais conservadoras ao fortalecer economicamente os setores da pequena burguesia agrária e urbana. Lênin está morto. Tem-se o fortalecimento da Troica (Stalin, Grígori Zinoviev e Lev Kamenev), que durou de 1922 até 1925. De 1925 a 1928, fortalece-se o Triunvirato (Stalin, Rykov e Bukharin). Terror anti-soviético se apoiando nos setores favorecidos pela NEP. Os revolucionários são perseguidos e assassinados por estes setores reacionários do Partido Bolchevique. Para manter seus privilégios, precisam barrar a revolução na Rússia e no mundo, criam a teoria do socialismo num país só. Iniciam uma série de repressões. Um ataque brutal para uma revolução que se pretendia internacionalista. Centrismo, termidor, bonapartismo e totalitarismo. A história se repete como tragédia e principalmente como farsa:
No campo da arte e da cultura em geral desenvolve-se também teorias contra-revolucionárias, setores burocratizantes do partido bolchevique querem criar uma arte oficial. Querem decidir o que e quando pintar, ler, escrever, atuar etc.
Maiakovski organiza a revista Lef, sigla de Liévi Front (Frente de Esquerda), onde reúne os artistas que representariam a esquerda na produção artística. Querem manter o espírito revolucionário, apreender um grande tema social por meios dos recursos do futurismo, buscando a desestetização das artes industriais: o construtivismo. Artistas que acreditavam que a revolução social tinha de ser acompanhada por revoluções estéticas. Poesia e Agitação.
1925
O Proletário Voador ou Vai Dar tu Mesmo uma Volta Pelos Céus a Esmo. Coletânea de agitações.
1928
O trabalho só lhe interessava quando dava alegria.
1930
Maiakovski se suicida com um tiro no peito. Segundo Trotsky - Boletim da Oposição Russa de maio de 1930 - o Secretariado-Geral do Partido, Joseph Stalin, informa oficialmente que este suicídio não tem relação alguma com as atividades sociais e literárias do poeta. Segundo o aviso oficial, o suicídio do poeta não tem relação alguma com sua vida ou sua vida não se relacionava com sua criação revolucionária e poética. A burocracia instalada dentro do partido operário russo, que assassinou centenas de milhares de seres humanos, quis transformar o suicídio de Maiakovski em um fato fortuito.
Mais uma mentira desta burocracia que tentou extinguir a produção artística revolucionária através de doutrinas literárias oficiais. Sob o epíteto de Realismo Soviético, dirigiu-se burocraticamente uma destruição da arte. A negação de todo espírito criador. Maiakovski não estava interessado em ser mais um autor oficial de Joseph Stálin.
Intensifica-se as políticas culturais do stalinismo. Os artistas são obrigados à louvar o camarada Stálin. Reacionarismo estético e político. Os tempos estavam difíceis para os revolucionários. Maiakovski não podia aceitar uma rotina pseudo-revolucionária, era um combatente do verbo e, ainda segundo Trotsky, um dos mais indiscutíveis precursores da literatura que se dará à nova sociedade.