Combate Classista

Teoria Marxista, Política e História contemporânea.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Nota do Governo Provisório às potências aliadas (Nota Miliukov)

 No dia 18 de abril de 1917, o Governo Provisório da Rússia emitiu um comunicado internacional, a Nota do Governo Provisório às potências aliadas, também chamada de nota Miliukov, endereçado principalmente aos governos da França e da Inglaterra reafirmando suas alianças e consequente política de cooperação na guerra. Tal documento explicitava as teses de Lênin e Trotski, segundo as quais, o Governo não poderia garantir nem a paz, nem o pão e nem a terra à classe trabalhadora russa.


18 de abril de 1917

"Em 27 de maço deste ano, o Governo Provisório, em comunicado ao povo, expõem a sua posição de governo da Rússia livre sobre as questões da guerra. O Ministro das Relações Exteriores autorizou-me a divulgar este documento e fazer os seguintes comentários: nossos inimigos têm tentado ultimamente minar as relações entre as potências aliadas, espalhando boatos tendenciosos e absurdos, pelos quais a Rússia estaria pronta a decretar uma paz com as monarquias centrais. O texto do presente documento esclarecerá melhor tais suposições. Compreenderão através dele que, em linhas gerais, a posição do Governo Provisório coincide com as idéias elevadas de vários governos aliados, e que tiveram sua maior expressão em nosso novo aliado, a grande república do Além-Atlântico. O governo do antigo regime, logicamente, não tinha condições para assimilar e equacionar estes pensamentos sobre o caráter libertador da guerra e para erguer bases firmes para a convivência pacífica dos povos e a autodeterminação das nações oprimidas etc. Mas, a Rússia libertada, hoje já pode dialogar com os democratas de vanguarda da humanidade contemporânea, e tem pressa em unir sua voz ás vozes dos aliados. Imbuído deste novo espírito de democracia livre, o comunicado do Governo Provisório não poderia, de forma alguma, fazer supor que a revolução tivesse trazido o enfraquecimento do papel da Rússia no contexto geral da luta dos aliados. Muito pelo contrário, o desejo ardente mundial de vencer a guerra cresceu graças ao despertar da consciência sobre a responsabilidade de todos e de cada um. Esta ânsia tornou-se mais viva e real por estar dirigida contra um inimigo que infiltrou-se na raiz de nossa pátria. É evidente que o Governo Provisório, defendendo os direitos de nossa pátria, cumprirá com todas as suas obrigações para com seus aliados. Plenamente convicto da nossa vitória, o Governo Provisório tem máxima certeza quanto à pronta resolução de todos os problemas levantados pela guerra, o que irá garantir uma paz duradoura. Considera também que, unidas pelos mesmos objetivos, todas as democracias de vanguarda saberão conquistar as garantias e sanções indispensáveis à precaução contra chiques sangrentos no futuro".

Noticiário do Governo Provisório
Nº 35/81 - 20 de abril (3 de maio) de 1917.

Nota do Governo Provisório às potências aliadas. In: NENAROKOV, 1960, p. 60.

Ordem nº1 do Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado

Após a onda de mobilizações e greves deflagrada pelas mulheres e operários, seguiram-se as rebeliões militares na Rússia. Foi nesse processo que os sovietes ressurgiam como afirmação do poder proletário. Dentro disso, foi emitida a Primeira Ordem do Soviete de Petrogrado, que explicitava a ruptura do Exército com a ordem Czarista, cansados da política de guerra, militares aderem aos organismos operários


Ordem nº1,
1º de março de 1917

1. Em todas as companhias, batalhões, regimentos, baterias, esquadrões, demais divisões e postos militares e Conselhos da Marinha  de guerra, eleger imediatamente  um Comitê entre os representantes dos escalões mais baixos da divisões acima mencionadas.
2.Em todas as unidades militares que não escolheram ainda os seus representantes para Soviete de Deputados Operários, eleger um representante de cada companhia que deverá apresentar-se, com documentos de identidade, ao prédio da Duma de Estado, às 10.00 da manhã do dia 2 de Março.
3. Em todas as manifestações e posições políticas o exército fica subordinado ao Soviete de Deputados Operários e Soldados e seus comitês.
4. As ordens baixadas pela Comissão da Duma do Estado somente deverão ser obedecidas quando elas não estiverem em desacordo com as determinações do Soviete de Deputados Operários e Soldados.
5. Qualquer tipo de arma, quais sejam: fuzil, metralhadoras, carros blindados e outras, deverão ficar sob o controle dos comitês das companhias e batalhões e, sob hipótese alguma, deverão ser entregues aos oficiais, ainda que o exijam.
6. Em serviço, os soldados devem seguir à risca a disciplina militar, ao passo que, fora das funções, os soldados terão os mesmos direitos dos cidadãos, tanto política, particular e socialmente. Na vida privada, estão licenciados do front e da obrigação de sacrificar a honra.
7. Da mesma forma, os oficiais ficam destituídos de títulos especiais. Assim de Sua Eminência, e outros, passarão a ser chamados de Sr. General, Sr. Tenente-Coronel etc.  
Ficam proibidos os maus tratos aos soldados de todos os escalões militares e, em particular, o tratamento por "você". Diante de quaisquer infrações desta ordem ou desentendimentos entre oficiais e soldados, estes devem levá-los ao conhecimento dos comitês e companhias.
A presente ordem deve ser lida em todas as companhias, batalhões, regimentos, baterias e demais comandos militares.

(Ordem nº1, Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado. In: NENAROKOV, 1960, p. 36).

 
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