Alessandro de Moura
Apresento breves notas sobre o trabalho Diferença entre as filosofias da
natureza em Demócrito e Epicuro, tese de doutorado de Marx produzida entre os
anos 1839 e 1841.
Conforme
veremos, Marx, além de possuir uma leitura própria dos clássicos, como
Demócrito e Epicuro, estava em sintonia com as produções mais importantes
debatidas naquele período. Assimilando os avanços e criticando seus limites,
Marx buscou aprofundar os aspectos e elementos que lhe pareciam mais
fundamentais.
Dessa forma,
o processo de radicalização da perspectiva política e filosófica de Marx foi
amparado pela assimilação e superação dos pressupostos de Hegel e Feuerbach.
Com isso, Marx passou de posições democrático-revolucionárias
(anti-monarquicas) para uma perspectiva socialista. Apenas a partir de 1843 o
autor passa a incorporar elementos do socialismo e evolui da posição de
democrático-revolucionário para o socialismo. Nesse processo, além da influência
do materialismo de Feuerbach, foi central a influência do texto de Engels Esboço para uma crítica da economia
política e também seu contato
com o socialismo francês em 1844.
A tese de
doutoramento de Marx Diferença
Entre as Filosofias da Natureza Em Demócrito e Epicuro, possibilitou-lhe
aprofundar um crítica ao idealismo hegeliano, fazendo-o aprofundar-se no
materialismo filosófico. Para Lukács, isso lhe conferiu superioridade
filosófica e política em relação a outros integrantes da esquerda hegeliana.
LUKÁCS, 2007).
Toda
esquerda hegeliana tinha em comum o esforço por explicitar os elementos mais
revolucionários da filosofia hegeliana. Dentro dessa ala do pensamento
hegeliano estavam: Marx, Engels, David Strauss, os irmãos Bruno e Edgar Bauer,
Moses Hess, Arnoud Ruge e Max Stiner. De acordo com Celso Frederico, em seu
livro O jovem Marx (2009), no prefácio da Filosofia do Direito publicado por Hegel, lia-se uma máxima
hegeliana: "o racional é real; o real é racional". É possível compreender
a divergência entre a Direita e Esquerda hegeliana por meio dessa frase. A Direita hegeliana se apegava a segunda parte da frase, o real é racional,
compreendendo que a sociedade e o Estado prussiano eram formas elevadas de
objetivação do racional. (FREDERICO, 2009). Nessa perspectiva, o monarca é a
própria encarnação da racionalidade máxima e por isso deve ser aceito, assim
como toda a sua forma de determinação política; leis, aparato burocrático etc.
Em
oposição a tal perspectiva, a Esquerda
hegeliana enfatizava que a
realidade ainda deixava muito a desejar no que tange ao racional. Era necessário
acabar com as mazelas sociais para aproximar a realidade imperfeita de uma
forma social compreendida como racional. Ou seja, o momento da racionalidade do
real-social, ainda não havia chegado. E assim, o momento da racionalidade plena
só chegaria de fato mediante a negação do existente e de toda a sua gritante
irracionalidade. Assim, em resumo, o debate entre a esquerda e a direita
hegeliana centrava-se entre
os aspectos da processualidade e a necessidade de superação da ordem social e
política, ou na necessidade de transformação revolucionária da realidade com
superação dos aspectos degradantes e limitadores.
Segundo
Lukács, Marx seria o mais proeminente integrante da esquerda hegeliana, sua
tese de doutorado apresenta uma crítica à concepção de história presente na História da filosofia de Hegel, onde se desqualificava o
materialismo de Epicuro. Essa visão de Hegel, que influenciava a perspectiva de
jovens hegelianos, não convenceu Marx.
Demócrito
e Epicuro eram considerados os materialistas mais importantes da Antiguidade,
mas Hegel lhes atribuía uma importância secundária. Marx por outro lado,
admirava o ateísmo de Epicuro, daí seu interesse em aprofundar um estudo sobre
esses autores. Para Marx, Epicuro havia conseguido avançar a partir das
elaborações de Demócrito. Hegel, por outro lado, os considerava idênticos.
Assim, o estudo de Marx foi uma reparação da generalização de Hegel. Com isso,
Marx revaloriza a concepção materialista e ainda buscou a dialética contida nas
elaborações dos dois filósofos da Antiguidade. Dessa incursão, Marx constatou
que a dialética só estava presente em Epicuro. Ainda, para Marx:
"Evidencia-se, portanto, que Demócrito não tem consciência da contradição;
esta não o preocupa enquanto que para Epicuro constitui o interesse
principal". (MARX, p. 42).
Em sua
tese, Marx defendeu que Demócrito negava a existência do acaso, uma vez que
afirmava que "Os homens inventaram o fantasma do acaso, manifestação de
seu próprio embaraço, pois um
pensamento forte deve ser inimigo do acaso". (MARX, p. 26). Por outro
lado, Epicuro apresentava elementos iniciais de uma concepção dialética do
acaso. E, se havia acaso, havia a possibilidade de escolha e da liberdade. Marx
analisa:
Epicuro
escreve, pelo contrário: "A necessidade,
que alguns convertem em dominadora absoluta, não existe; há algumas coisas fortuitas, outras dependentes
de nosso arbítrio. A
necessidade não convence e o acaso, ao contrário, é instável. Seria preferível
seguir o mito dos deuses que ser escravo do destino dos físicos, pois aquele deixa-nos a
esperança da misericórdia por havermos honrado os deuses, enquanto este apenas
apresenta a inexorável necessidade. Todavia, deve-se admitir o acaso e não Deus, contrariamente ao que
julga a multidão. Seria uma desgraça viver na necessidade, mas viver nela não é
uma necessidade. Por outro lado se abrem as vias, numerosas, curtas e fáceis,
que conduzem à liberdade. Agradeçamos, pois Deus o fato de ninguém ter
quaisquer limites na vida. É inclusive permitido dominar a própria
necessidade". (Marx, p. 26).
Marx
afirma ainda: "Porém, enquanto Demócrito reduz o mundo sensível à aparência
subjetiva, Epicuro faz dele um fenômeno objetivo. E Epicuro
faz isso conscientemente, pois afirma que compartilha os mesmos princípios, mas não converte as qualidades sensíveis em simples objetos de opinião".
(MARX, p. 23). Noutro trecho Marx analisa que:
Demócrito,
para quem o princípio não se tornou fenômeno e permanece sem realidade e sem
existência, tem, pelo contrário, à sua frente, como mundo real e concreto, o
mundo da percepção sensível. Esse mundo é, com efeito uma aparência subjetiva
e, por isso mesmo, separada do princípio e abandonada em sua realidade independente;
mas é simultaneamente o único objeto real que tem enquanto tal valor e
significado. Não encontrado plena satisfação na filosofia precipitou-se nos
braços do conhecimento positivo. (p. 24).
Marx
conclui que: "É portanto historicamente certo afirmar que Demócrito faz
intervir a necessidade e Epicuro, o acaso, e que cada um deles
rejeita a opinião contrária com a esperteza própria da polêmica". (MARX,
p. 26). E continua sua crítica a Demócrito:
A
necessidade aparece, com efeito na natureza finita como necessidade relativa, como determinismo. A
necessidade relativa só pode ser deduzida da possibilidade real, isto é de um
conjunto de condições de causas, de razões etc., que mediatizam essa
necessidade. A possibilidade real é a explicação da necessidade relativa, e
encontramo-la empregada por Demócrito.
(Marx, p. 27).
Assim, Marx contrapõe essas idéias de Demócrito às de
Epicuro:
Uma vez
mais Epicuro se opõe de maneira direta a Demócrito. O acaso é uma realidade que
só tem valor de possibilidade; porém a possibilidade
abstrata é, precisamente, o oposto da real. Esta última está
rigorosamente limitada, como entendimento, e a primeira é ilimitada como
imaginação. A possibilidade real procura basear a necessidade e a realidade do
seu objeto, a abstrata não se ocupa do objeto que é explicado, mas do assunto
que explica. O objeto deve ser apenas possível, pensável. O que é possível
abstratamente, o que pode ser pensado não constitui para o sujeito pensante um
obstáculo, um limite ou uma dificuldade. Pouco importa que essa possibilidade
seja igualmente real, porque o interesse não se estende aqui sobre o objeto
como tal. (Marx, p. 27).
Ainda,
Marx observou que Demócrito limitou-se a uma filosofia da natureza, ao passo
que Epicuro incorporou determinações da vida humana e social. Isso possibilitou
a Epicuro pensar as instituições sociais concretas como produtos de contratos e
amizades. (LUKÀCS, 2007).
Para Marx,
a perspectiva com a qual Epicuro encarava a natureza, como passível de ser
compreendida, servia como elemento emancipador para os seres humanos. Isso
porque os seres humanos podem conhecer a natureza, refletir sobre ela,
desmistificando seus fenômenos e libertando-se do medo em relação à mesma. Com
isso, o ser humano é encarado como um ser natural que pode dominar a natureza
cognitivamente. Assim, essa foi uma contribuição importante para a
compreensão sobre a relação entre homem e natureza, uma vez que, com isso,
tem-se o desenvolvimento de uma concepção do papel revolucionário da filosofia
enquanto mediação da relação homem e natureza.
Isso
porque a ação de desvelamento e compreensão da natureza transverte-se como
possibilidade de conhecer o mundo e a si mesmo, elevando-se a possibilidade de
elaboração intelectual de concepções e conceitos sobre o mundo. Dessa forma, o
que antes era medo em relação à natureza incognoscível, torna-se vontade,
potência imensa e inesgotável de conhecer. Isso faz do ser humano sujeito na
natureza. Sujeito de si e de suas vontades, pois é possível especular sobre o
mundo (a natureza em interação com a ação humana) e conhecê-lo, questioná-lo,
explicá-lo e modificá-lo. Assim, o mundo exterior ao sujeito é compreendido
como base de todo pensamento que produziu a filosofia, o mundo material é a plataforma
de onde deriva todo pensamento e ação humana. E com isso, a própria filosofia é
parte do desdobramento do mundo, é fruto de uma dinâmica concreta da relação
entre a humanidade e a natureza. Dessa forma, a realidade material mundana é
apreendida de forma mediaticizada. O pensamento torna-se filosofia e a
filosofia torna-se expressão do mundo.
Quando as
causações do pensamento, da filosofia, são comprovadas e provadas como passíveis
de serem realizadas, elas deixam de ser filosofia (formas conceituais
especulativas) e passam a ser compreendidas como produto do real. Como
elaborou Marx em sua tese: "Mas a prática da filosofia é em si mesma teórica. É a crítica que mede a existência singular da
essência, a realidade efetiva típica da ideia. Mas a realização imediata da filosofia é, na sua essência mais
intima, fomentada por contradições; e essa essência, que é sua, toma forma no
próprio fenômeno imprimindo-lhe seu selo". (Marx, p. 30). Pois quando se
compreende algo, suprime-se uma carência interna do ser humano (um problema que
figurava sem solução ou mediações tangíveis com o real). Uma vez que se suprime
essa carência, expressa como questão filosófica, a própria questão filosófica é
dissipada porque a filosofia foi realizada e assim pode-se chegar a novos
problemas. De acordo com Marx:
Quando a
filosofia, enquanto vontade, se opõe ao mundo fenomênico, o sistema se
transforma numa totalidade abstrata, num lado do mundo ao qual se opõe um outro
lado. Na medida em que tende a refleti-lo, a desejar realizar-se, entra em luta
com o Outro. A auto-satisfação e a perfeição que se caracterizam desaparece; e
o que era luz interior transforma-se em chama devoradora apontada para o
exterior. Como consequência, o devir-filosófico do mundo é ao mesmo tempo um
devir-mundano da filosofia, sua realização efetiva é simultaneamente sua perda,
e o que ela combate no exterior nada mais é que seu defeito interior. É
exatamente no decorrer dessa luta que a filosofia acaba por cair nas fraquezas
que criticava no seu contrário. Aquilo que lhe opõe e o que combate não passam
de ela própria, encontrando-se os fatores simplesmente invertidos. (Marx, p.
30).
Desse
debate em sua tese de doutorado, podemos apreender dois aspectos que marcaram
profundamente o pensamento e a ação revolucionária de Marx: 1) Existem contradições
e acaso no cotidiano humano-material, o que, por sua vez, abre a possibilidade de escolhas e possibilita o arbítrio humano. Assim, os seres humano não são "escravos
do destino", pois existem "vias numerosas que conduzem à liberdade".
Isso possibilita que o ser humano seja senhor de seu próprio destino e possa
mudar a própria vida, a realidade e o mundo. 2) A filosofia, como forma de especulação
e compreensão do mundo, deve atuar no desvelamento do mundo buscando
compreende-lo para poder modificá-lo. A filosofia precisa realizar-se. Conforme
escreveu Marx em março de 1945 nas Teses sobre Feuerbach: "Os
filósofos têm apenas interpretado o mundo de diversas formas, trata-se agora de
transformá-lo".
Gazeta renana
Em 1842,
Feuerbach publicou A essência do
cristianismo, defendendo o ateísmo e o materialismo. Sua perspectiva
convergiu com as inquietações e elaborações de Marx, que à frente da Gazeta
Renana, passava a ocupar-se dos problemas sociais como as leis de censura e a lei
contra o roubo de lenha. Assim, Marx recebeu com entusiasmo a elaboração e Feuerbach que
valorizava as ações práticas, os sentidos, a experiência humana, encarando o Ser como sujeito protagonista do
pensamento e de toda forma de compreensão do mundo. Politicamente, Marx intentava nesse
momento unificar os setores que se opunham ao regime monárquico de Frederico
Guilherme IV. Dessa forma, o abandono da postura contemplativa em relação ao
real proposto por Feuerbach convergia com suas demandas. Ainda, considerou que
a critica de Feuerbach à religião possibilitaria avançar na critica ao estado
de coisas para atingir a crítica ao Estado monárquico alemão. Essa crítica ao
estado de coisas era feita a partir de uma perspectiva democrático-radical
(anti-monárquica), sem ligação imediata com a concepção socialista. Marx mesmo dizia,
nesse momento, que ainda não tinha posições cerradas sobre o comunismo. (LÖWY,
2002).
Em sua
evolução política, ganha cada vez mais importância a luta em prol das massas
populares sofredoras e oprimidas pela monarquia prussiana. Para mudar tal situação,
Marx compreendia que era necessário derrubar a monarquia estabelecendo um
governo que atendesse as demandas do povo. Por isso, busca agregar os setores
que criticam o regime. Para ele essa era a única forma de conseguir fazer com
que a capacidade filosófica radical pudesse converte-se em um fim prático.
Afinal, a filosofia especulativa deveria avançar para fazer-se crítica à
existência e suas misérias fornecendo ferramentas teóricas para sua superação.
Critica da filosofia do direito de Hegel
Não vamos
aprofundar uma análise sobre essa obra, pois será objeto de discussão nos próximos
debates (confira resenha do texto: http://combateclassista.blogspot.com.br/2011/03/sobre-critica-da-filosofia-do-direito.html). Aqui apenas apontaremos que, escrita entre março e
agosto de 1843, o texto marca o início da ruptura com a filosofia hegeliana, é
a partir de tais reflexões que Marx passa a considerar a perspectiva de Hegel
como insuficiente para a compreensão do real enquanto processualidade humana.
Marx chega a tal formulação por meio da crítica das relações entre a sociedade
civil-burguesa e o Estado prussiano.
Para Marx,
na Critica da filosofia, não se trata
mais de desenvolver e explicitar os elementos mais radicais da filosofia de
Hegel, mas de apontar e criticar o seu princípio. Nesse ponto, Marx se apoiou
em outra obra de Feuerbach, as Teses
provisórias pra a reforma da filosofia publicada
em 1843. Nessa obra, Feuerbach, assimilando contribuições de Spinoza,
caracteriza o idealismo objetivista de Hegel como teologia camuflada de
filosofia. (LUKÁCS, 2007).
Marx
aprovou e utilizou suas formulações, mas considerou que Feuerbach dera pouco
valor à luta política e, para Marx, sem aprofundar-se na luta política, a
filosofia não podia fazer-se verdade. Ainda, considerou que Feuerbach não havia
chegado a uma crítica profunda do Estado e das condições sociais vigentes sob a
monarquia alemã. Era necessário aplicar os princípios materialistas aos
problemas políticos vigentes e a história. Daí seu ímpeto em criticar a
monarquia constitucional opondo-se à justificação da tal regime professado por
Hegel Filosofia do direito.
Considerou que a critica radial a perspectiva contida na obra ainda era uma
tarefa ainda por se fazer.
Na Crítica da filosofia... Marx centra-se no combate à compreensão
apresentada por Hegel segundo a qual o Rei era objetivação do espírito
absoluto, encarnação humana do racional. Para Marx essa era uma forma de
conciliação com o estado de coisas. Ao inverso disso, para Marx tratava-se de
pensar as contradições reais e as formas de superá-las e não justificá-las.
Assim, para Marx o fundamento geral da filosofia de Hegel continha aspectos
reacionários no que tangia compreensão teórica da sociedade.
No
entanto, como Marx ainda não identifica qual é o sujeito coletivo que pode
insurgir-se contra a monarquia prussiana, quem seria o sujeito social
revolucionário, Lukács aponta que o texto ainda sustenta-se sobre a perspectiva
democrático-revolucionária, pois inspira-se na revolução francesa de derrubada
da monarquia pelo terceiro estado (povo e burguesia democrática anti-monarquia). Isso porque
Marx aponta que não é o Estado que cria a sociedade civil, mas o contrário, é a
sociedade civil que cria o Estado. Aqui ganha centralidade o terceiro estado.
Os textos
publicados nos Anais
Franco-alemães, Sobre a
questão judaica e Introdução à critica da filosofia...
marcam a transição de Marx, passando da Crítica
da filosofia... aos Manuscritos
de Paris. Nesse entremeio tem-se a superação do idealismo hegeliano e o surgimento de um novo corpo teórico. Foi a
partir de tais elaborações que Marx passou a compreender o proletariado como
sujeito revolucionário, que a principio deveria fundir-se com os melhores
elementos da esquerda hegeliana, assimilando sua crítica ao Estado e as
condições sociais desiguais. Metaforicamente o proletariado é descrito como o
coração da revolução e a esquerda hegeliana (os filósofos) são o cérebro.
Bibliografia
MARX, K. Diferença
entre as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro. Global editora.
LÖWY, M. A
teoria da revolução no jovem Marx. Editora vozes. 2002.
LUKÁCS, J. O jovem Marx (1955). In: O jovem Marx e outros escritos de
filosofia. Editora UFRJ. 2007.
FREDERICO, C. O
jovem Marx - 1843-1844: as origens da ontologia do ser social. Editora
expressão popular. 2009.
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