No dia 18 de abril de 1917, o Governo Provisório da Rússia emitiu um comunicado internacional, a Nota do Governo Provisório às potências
aliadas, também chamada de nota Miliukov, endereçado principalmente aos governos da França
e da Inglaterra reafirmando suas alianças e consequente política de cooperação
na guerra. Tal documento explicitava as teses de Lênin e Trotski, segundo as quais, o Governo não poderia garantir nem a paz, nem o pão e nem a terra à classe trabalhadora russa.
18 de abril de 1917
"Em 27 de maço deste ano, o Governo
Provisório, em comunicado ao povo, expõem a sua posição de governo da Rússia
livre sobre as questões da guerra. O Ministro das Relações Exteriores
autorizou-me a divulgar este documento e fazer os seguintes comentários: nossos
inimigos têm tentado ultimamente minar as relações entre as potências aliadas,
espalhando boatos tendenciosos e absurdos, pelos quais a Rússia estaria pronta
a decretar uma paz com as monarquias centrais. O texto do presente documento
esclarecerá melhor tais suposições. Compreenderão através dele que, em linhas
gerais, a posição do Governo Provisório coincide com as idéias elevadas de vários
governos aliados, e que tiveram sua maior expressão em nosso novo aliado, a
grande república do Além-Atlântico. O governo do antigo regime, logicamente,
não tinha condições para assimilar e equacionar estes pensamentos sobre o
caráter libertador da guerra e para erguer bases firmes para a convivência pacífica
dos povos e a autodeterminação das nações oprimidas etc. Mas, a Rússia
libertada, hoje já pode dialogar com os democratas de vanguarda da humanidade
contemporânea, e tem pressa em unir sua voz ás vozes dos aliados. Imbuído deste
novo espírito de democracia livre, o comunicado do Governo Provisório não
poderia, de forma alguma, fazer supor que a revolução tivesse trazido o
enfraquecimento do papel da Rússia no contexto geral da luta dos aliados. Muito
pelo contrário, o desejo ardente mundial de vencer a guerra cresceu graças ao
despertar da consciência sobre a responsabilidade de todos e de cada um. Esta
ânsia tornou-se mais viva e real por estar dirigida contra um inimigo que
infiltrou-se na raiz de nossa pátria. É evidente que o Governo Provisório,
defendendo os direitos de nossa pátria, cumprirá com todas as suas obrigações
para com seus aliados. Plenamente convicto da nossa vitória, o Governo
Provisório tem máxima certeza quanto à pronta resolução de todos os problemas
levantados pela guerra, o que irá garantir uma paz duradoura. Considera também
que, unidas pelos mesmos objetivos, todas as democracias de vanguarda saberão
conquistar as garantias e sanções indispensáveis à precaução contra chiques
sangrentos no futuro".
Noticiário do Governo Provisório
Nº 35/81 - 20 de abril (3 de maio) de 1917.
Noticiário do Governo Provisório
Nº 35/81 - 20 de abril (3 de maio) de 1917.
Nota do Governo Provisório às potências aliadas. In: NENAROKOV, 1960, p. 60.
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