Combate Classista

Teoria Marxista, Política e História contemporânea.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

De como a luta demonstra a vulgaridade do marxismo acadêmico




Cala, e não haverá desgraça.
Oculta-te e fica de lado:
Não te agites pra cá, pra lá,
Não te enerves, bico calado.
(Sextina –Lev Kropivnítzki)

A partir de 2009, um grupo de jovens estudantes críticos ao marxismo acadêmico articulou-se em um grupo de estudos e atuação prática. Neste foi-se aprofundando qualitativamente a compreensão do corpus teórico que compõe o marxismo revolucionário, bem como as forma de atuação prática correlatas, tendo como uma de suas principais conclusões a necessidade da aliança com os trabalhadores.

Em Marília, desde o início do ano, o movimento estudantil preparava-se para mais um ano de luta. Foi realizada uma calourada paralela, desatrelada a calourada oficial da Reitoria e da direção, que pretendia explicitar a serviço de que classe está a universidade. Somou-se a tal processo outro grande exemplo de luta e combatividade dos estudantes que saíram em defesa dos professores da rede pública de ensino contra os ataques do governo Serra. Também no 1º de Maio, dia do trabalhador, estudantes de Marília saíram em apoio ao 1º de Maio na Praça da Sé, que organiza os trabalhadores em luta contra o governo, a burguesia e a burocracia sindical da CUT, Força Sindical, CTB.

A partir de maio, em apoio á luta dos trabalhadores nas estaduais paulistas, contra o corte de salários, em defesa do direito de greve e contra a super-exploração na forma da terceirização do R.U. os estudantes deflagraram greve dos cursos de Ciências Sociais e Filosofia e decidiram em Assembléia Geral ocupar o prédio da direção da FFC. A decisão dos estudantes impactou de forma diferenciada nos setores que reivindicam o marxismo na universidade. A perspectiva do marxismo acadêmico, cansado, castrado e senil, foi de combater e desmoralizar a mobilização dos estudantes e trabalhadores ou então de dar continuidade as atividades como se nada estivesse acontecendo. Por outro lado, a perspectiva, e principalmente a prática, dos que reivindicam o marxismo atuante, militante e revolucionário foi de se colocar ativamente ao lado dos trabalhadores em seus piquetes, trancaços, greves e ocupações.

Com a empáfia que caracteriza os medíocres, os representantes do marxismo acadêmico tentaram a todo custo escamotear o conflito; quando se tornou impossível fazê-lo, dado que as críticas por parte dos marxistas revolucionários se tornavam mais agudas e mais constantes, buscou-se desqualificar o adversário, estigmatizá-lo (como nas em velhas práticas estalinistas – para saber o que chamamos de STALINISMO confira nossa formulação “Para entender o Stalinismo” – http://www.glem-r.blogspot.com/ ).

Apoiados em seus cargos dentro da burocracia acadêmica, no pretenso mérito que estes cargos deveriam lhes conceder, os autoproclamados sábios do marxismo estalinista simplesmente desmereciam os argumentos e as críticas aos quais não conseguiam responder, pois, dentro da lógica meritocrática que segue o pensamento destes senhores, que validade poderia ter a crítica destes reles alunos, pobres mortais que ainda não ascenderam à luz da hierarquia universitária? Estes(as) “garotos(as)” só poderiam ter enlouquecido ao buscar fazer a crítica à sua sabedoria, que é atestada por todos os títulos por eles possuídos.

Mas para os marxistas o que demonstra a correção de uma determinada análise, a concretude de uma dada perspectiva, é a prática militante, revolucionária, e não os papéis emoldurados que enfeitam as paredes dos doutores. E os conflitos que se desenvolveram no último período em nossa faculdade demonstraram de maneira cabal a superficialidade da concepção de marxismo de nossos doutos professores.

Nem tocaremos aqui no fato de que num dos conflitos com mais marcado caráter de classe a se desenvolver nas estaduais paulistas nos últimos anos, na qual o SINTUSP (sindicato dos trabalhadores da USP) ocupou a linha de frente, estes professores se abstiveram de levantar de maneira efetiva a bandeira dos trabalhadores em luta, o que por si só já demonstraria uma profunda incompreensão da relação entre teoria e prática, tão cara ao pensamento marxista. Vamos nos ater aqui a destacar como este pseudo-marxismo, que se afasta da prática militante, tem como reflexo uma decadência no campo da teoria.

Usemos como exemplo afirmações feitas por dois dos próceres do marxismo acadêmico, dois dos mais influentes e mais respeitados da FFC, o Professor Doutor Jair Pinheiro e o Professor Doutor Marcos Del Roio. Em reunião com os estudantes ocupados no prédio da direção, estes professores, que se colocaram na defesa da direção contra os estudantes ocupados, Jair Pinheiro fez entender que quem controla a universidade são os trabalhadores, posto serem eles que pagam os impostos que a sustenta (respondendo a afirmação dos estudantes de que a direção, a congregação e a estrutura de poder da universidade como um todo expressam os interesses da burguesia). Por favor professor, sua constatação correta, de que os trabalhadores sustentam a universidade através dos impostos, apenas torna mais odiosa e criminosa a realidade da universidade hoje no Brasil. O fato de ela excluir os trabalhadores e o povo pobre de seu meio e de maneira alguma faz com que eles efetivamente a controlem, ou pensa o doutor que os trabalhadores prefeririam realmente investir milhões na pesquisa do botox a investir na pesquisa de métodos de prevenção as enchentes que assolam as capitais brasileiras?

A afirmação do professor doutor Del Roio, atual presidente da Adunesp/Marília, é ainda mais estapafúrdia, por sua baixeza, mediocridade, superficialidade. Afirma nosso sábio: “Existe luta de classes na universidade, mas ela não é institucionalizada”. O que se infere daí, que a universidade não é uma instituição de classe, ou seja, que ela é neutra, podendo ser conquistada por qualquer uma das classes em luta. Erro evidente, posto que para os marxistas o estado é sempre um estado de classe, forma organizada de opressão de uma classe por outra, e a universidade é uma das formas de ser do estado, uma de suas manifestações, um de seus aparelhos ideológicos. Como se não bastasse, Del Roio não se cansou de afirmar publicamente o quão irracional, absurda era a greve e ocupação dos estudantes. A luta contra a terceirização e em defesa do direito de greve dos trabalhadores só pode parecer absurda àqueles marxistas que, encastelados e bem acomodados em suas poltronas na universidade, não tem qualquer ligação com a realidade e com os interesses da classe trabalhadora.

Deixaremos para outros a tentativa de responder a questão de se a colocação deste tipo de posição expressa simplesmente falta de capacidade teórica ou a necessidade destes senhores de defenderem suas posições dentro da burocracia acadêmica; tal questão não muito nos interessa, o que interessa realmente é o papel que a defesa de tais posições cumpre, que é: buscar retirar do marxismo sua verve e seu potencial revolucionário, adocicá-lo e lhe fazer dócil, para que seja aceitável à intelectualidade burguesa. Além disso, esvazia as fileiras da luta dos trabalhadores das estaduais paulistas pela isonomia salarial e direito de greve, importante embate contra a escalada reacionária que a burguesia vem intensificando como resposta a crise econômica mundial.

Contra isso nós, marxistas revolucionários, dizemos: não! Vemos no marxismo uma ferramenta teórica a serviço da revolução, não estabelecemos nenhuma relação pedante, fantasmagórica, com esta teoria, uma pretensa leitura dos clássicos neles mesmos, mas do conhecimento fazemos uma arma para transformar o atual estado de coisas e convidamos a todos que sentem esta mesma necessidade a se juntarem a nós.

Nossa crítica não se dirige apenas aos docentes, não se trata de uma disputa corporativa. Muitos estudantes se colocam na defesa do marxismo acadêmico. Além disso, sabemos que nossa crítica não abarca todos os professores marxistas de nossa faculdade. Felizmente existem exceções. E é a esses que fazemos aqui o chamado para que reforcem junto conosco o embate contra o marxismo inofensivo e institucionalizado, tarefa obrigatória para os que se colocam ao lado dos oprimidos em sua luta histórica pela transformação radical da sociedade.

As cartas sempre serão um instrumento limitado de crítica e polêmica. Por isso desde de já convidamos os professores citados na carta ou qualquer outra pessoa que esteja disposta a aprofundar a discussão sobre as posições expostas aqui para realizarmos debates abertos a todos os interessados.
Pelo marxismo militante, atuante, revolucionário

São defensores do status quo burguês, disfarçados de marxistas. Marxistas almofadados incapazes de lutar junto aos trabalhadores. Estão cansados demais para construir greves, piquetes, e ocupações. E a perspectiva revolucionária? E a revolução, caríssimos professores? Estariam reduzidos em frases vermelhas e práticas azuis?

A luta dos trabalhadores é pesada e indigesta demais para nossos doutores em críticas inertes. Sonolentos, reunidos na sala de estar, pisam em tapetes macios e nadam em garrafas de vinhos importados, na embriagues da pequena-burguesia sem vontade de lutar. Fantasiados de vermelho, dançam ao som das burguesias nacionais e internacionais. A luta de classes acabou para estes doutores, estão rendidos.

Meus queridos doutores em cansaço, não nos venham com “chorumelas”, os trabalhadores continuam em luta enquanto vocês dormem o sono pesado da Bela Adormecida cuja foice e o martelo foram substituídos por almofadas e travesseiros. Boa noite nobres professores.
GLEM - Grupo Livre de Estudos Marxistas - próxima reunião: 14 de agosto as 14:00 no saguão da FFC

1 comentários:

Gabriel disse...

Grosso modo, estou inclinado a acatar e demonstrar de maneira assaz irrefutável a tese segundo a qual há pessoas deveras preciosistas.

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